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Segunda-feira, 20 de Outubro de 2025
Gabribas: De Sonhos de Infância ao Céu de Piracicaba

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Gabribas: De Sonhos de Infância ao Céu de Piracicaba

Entre desafios financeiros, determinação e mais de 500 saltos, Gabriel Aguiar transforma paixão pelo voo em uma jornada de grandes conquistas no paraquedismo

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Nome: Gabriel Aguiar de Andrade
Apelido: Gabribas
Salta desde: 2013
Quantidade de saltos: 592
Área preferida: Piracicaba - SP

Integra: Seu primeiro salto foi duplo? Conte sobre (por que, como, onde, quando):


Gabriel Aguiar: Nasci em Piracicaba (SP) e me mudei para Fortaleza (CE) aos 12 anos de idade, em 1998. Sempre me lembrava de pequenos aviões decolando ali do aeroporto de Piracicaba, mas não recordo especificamente de paraquedistas saltando. Em julho de 2012, fui visitar meu irmão, que ainda mora na cidade, e nós dois fizemos um salto duplo de cesninha na ATMOS. Eu saltei com Daniel Pitufo e meu irmão com o Beluga. Durante os 30 a 40 segundos de queda livre, passou um filme na minha cabeça: aquela sensação de quão pequenos somos diante do universo e que não faremos falta nenhuma! Na abertura, levamos um belo twist – na época, obviamente, eu não entendi direito o que aconteceu. Só percebi o instrutor brigando com as linhas e depois soltando um "Beleza, Gabriel" em portunhol. Daniel era argentino.

Integra:Como você soube que queria ser paraquedista?


Gabriel Aguiar: No salto duplo em Piracicaba. Durante a infância, acredito que até uns 8 anos de idade, eu tinha dois tipos de sonhos frequentes: o primeiro era de estar em um balanço no céu e cair. O segundo era estar no meio dos fios da rua de casa e decolar apenas com os braços, controlando suavemente o voo. Acredito que esse sonho ficou adormecido em Fortaleza, já que eu não conhecia ninguém próximo que praticasse algum esporte de voo livre.

Integra:  Onde foi seu curso de primeiro salto? Como você foi parar lá?


Gabriel Aguiar: Entre julho de 2012 e abril de 2013, guardei dinheiro para realizar o curso AFF, que fiz em Boituva, entre os dias 9 e 16 de abril de 2013. Pesquisei pela internet sem conhecer absolutamente ninguém no Centro Nacional de Paraquedismo. Ainda morava em Fortaleza e precisei de bastante planejamento para conseguir ficar uma semana sem trabalhar para realizar o curso.

Integra: Quem foram seus instrutores?


Gabriel Aguiar: Érico Azambuja e Ramela Rodrigues.

Integra: Como foi o seu curso?


Gabriel Aguiar: Fiz o curso teórico com o Ramela em uma quarta-feira. Na quinta, fiz os dois primeiros saltos (no primeiro, pousei no meio de um canavial e levei uns 40 minutos para sair de lá) e, na sexta, fiz mais dois saltos. No sábado e domingo, choveu sem parar. Na segunda-feira, saí desesperado pelo CNP procurando gente para ter quórum no avião e poder realizar os quatro saltos finais (na época, o oitavo salto ainda era obrigatório). Deu tudo certo, e realizei os níveis 5 a 8 sem repetir nenhum salto (ainda bem, pois eu não teria dinheiro para pagar alguma repetição). Minha maior preocupação era ter de retornar a Boituva em até 30 dias para não repetir nenhum nível. Não tinha outros bilhetes comprados de Fortaleza para São Paulo nos próximos meses nem verba para isso!

Integra: Qual você acha que foi a sua maior dificuldade no início?


Gabriel Aguiar: Financeira, com toda certeza. Morar em Fortaleza também agravava isso, afinal de contas, os custos de logística eram bem mais pesados. O paraquedismo é um esporte caro e elitizado; quem discordar, por favor, tente me convencer do contrário. Passei por muitas situações constrangedoras (ao menos para mim) no início do esporte. Em certa ocasião, no Ceará, eu tinha a verba contada para fazer um único salto, e um atleta bem experiente disse que eu teria que pagar metade da vaga dele por estar na mesma decolagem e ele fazer o meu PS. O RTA da área disse que era uma “enorme honra” para mim estar com esse atleta na decolagem. Fiquei no chão.

Integra: E como foi a sua progressão até ser atleta? Treinou com alguém?


Gabriel Aguiar: Eu não queria ser atleta. Nem imaginava que isso seria possível. Eu queria ser câmera, ponto final. Desconhecia o microcosmo do paraquedismo, as modalidades, eventos, etc. Ninguém na minha família havia saltado. Por trabalhar com fotografia e audiovisual (sou formado em Publicidade e tenho uma produtora), entrei no paraquedismo com o claro objetivo de captar imagens em queda livre. Só não imaginava quão longa seria essa jornada. Foram cinco anos e pouco mais de 250 saltos para colocar uma câmera fotográfica na cabeça junto com outras duas câmeras GoPro. Só então comecei a filmar saltos de bigway.

Nos primeiros eventos, pagava minha vaga nos saltos do Let's Get Bigway, organizados pelo Matheus Molines, a quem deixo meu agradecimento pela confiança. Tive a sorte de encontrar Careca e Cotô, câmeras de bigway experientes que me ajudaram muito. Sou eternamente grato aos dois e faço questão de registrar isso aqui: muito obrigado!

Minha progressão também foi marcada por uma pessoa especial: a paraquedista Mariana Aranha (Maiá), com quem casei em 2020. Foi com ela que fui ao túnel de vento pela primeira vez e participei de eventos de bigway que nem imaginava ser capaz de voar. Ela sabe disso, mas é importante deixar claro: obrigado!

Integra: Hoje, onde você salta mais?


Gabriel Aguiar: Mudei para São Paulo, capital, em 2019, e atualmente salto mais em Boituva e Piracicaba. Também planejamos viagens para conhecer novas áreas de salto pelo Brasil, o que tem nos mantido no esporte.

Integra: E qual modalidade você mais gosta de voar?


Gabriel Aguiar: Barriga (filmando e, às vezes, como atleta) e wingsuit. Ainda não tive tempo para me dedicar suficientemente ao wingsuit após o curso, mas consigo fazer alguns voos de vez em quando, principalmente com minha esposa. Curtimos bastante.

Integra: Deixe uma dica para um iniciante no esporte!


Gabriel Aguiar: Tenha paciência. Não existe nenhum salto tão importante que não possa ser adiado.

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