CONTE COMO FOI SEU INÍCIO
Nome: Christiano Cony
Apelido: Chris / Coruja
Salta desde: 2019
Quantidade de saltos: 412
Área preferida: Boituva
Integra: Seu primeiro salto foi duplo? Conte sobre (por que, como, onde, quando)
Christiano Cony: Era uma sexta-feira, em agosto de 2019. Estava em um momento difícil da minha vida, minha amada mãe tinha sido diagnosticada com Leucemia Mieloide Aguda, a pior das leucemias, em novembro de 2018. Desde então, o curso da doença foi muito duro, ela ficava mais tempo internada no hospital do que em casa, com algumas internações em UTI e tratamentos pesados. Um sofrimento que ela encarava com muita força e resignação. Pelo amor que sempre tivemos, essa situação tocava profundamente nossos corações, e nossos sentimentos alternavam entre amor, aceitação, tristeza, cansaço, impotência, entre outros.
Na tarde de uma sexta-feira, em agosto de 2019, estava em casa quando um sentimento forte invadiu meus pensamentos: eu precisava fazer algo diferente. Naquele momento, soube que precisava de algo novo, algo forte e intenso. Pensei em duas opções: entrei em contato via WhatsApp e Direct com escolas de paraquedismo em Boituva e escolas de voo livre em Atibaia. A primeira a me responder seria minha escolha. Para minha sorte, a São Paulo Paraquedismo foi a primeira a responder. Agendei o salto duplo para o dia seguinte, para mim e minha esposa. Um fato curioso: quando a Débora Grisolia, minha esposa, chegou em casa depois do trabalho, eu estava tomando vinho. Obviamente, servi uma taça a ela e, depois de tomarmos a primeira garrafa, informei que em no máximo 12 horas estaríamos em um avião prestes a nos jogar nas nuvens. Até hoje, não sei se a aceitação dela foi por conta do vinho ou se saltar de paraquedas estava no seu caderninho de coisas a fazer (rs).
Integra: Como você soube que queria ser paraquedista?
Christiano Cony: Na infância, sempre estava em Ubatuba com minha família e lembro de ter visto paraquedistas pousando por lá. Achei o máximo. Tempos depois, na adolescência, com a chegada da internet (meu Deus, estou ficando velho, rs), assisti a alguns vídeos de Ubatuba com paraquedistas saltando dentro de um bote inflável. Achei irado! Depois soube que quem estava nesse salto era um dos meus grandes mestres, o Brisa! Nesse momento, soube que ao menos faria um salto na minha vida, mas já imaginava que iria gostar. Sempre gostei dos chamados esportes radicais: surf, skate, mountain bike, alpinismo, mergulho, entre outros. Durante a faculdade, um amigo do surf, o Bony, sempre me chamava para ir, mas os valores eram impraticáveis para mim naquela fase da vida. Soube esperar o momento certo. Canais como o SporTV e o Canal OFF, com programas de skydive, sempre me mostraram o esporte. Eu sabia que um dia isso ia acontecer!
Integra: Onde foi seu curso de primeiro salto? Como você foi parar lá?
Christiano Cony: Meu primeiro salto duplo foi com o PG e o Dunguinha de câmera. Foi alucinante! Quando cheguei ao chão, queria voltar para o fim da fila e subir novamente, tipo o Enterprise ou Super Jet do Playcenter (cadê a galera "old school" para entender isso? rs). A partir desse momento, tive certeza de que faria o curso. Queria repetir essa sensação mais e mais vezes. Informei-me sobre os instrutores da São Paulo Paraquedismo e, após perceber como os processos funcionavam na escola, optei por fazer lá. Na época, também ficamos em dúvida entre lá e a PB, onde o Babu era instrutor, e como temos um grau de parentesco, isso criou uma dúvida. Mas acabamos optando pela SP.
Integra: Quem foram seus instrutores?
Christiano Cony: Meus instrutores AFF foram o Ericão (Erico Azambuja) e o Saraiva (Marcelo Saraiva). Não poderíamos estar em melhores mãos: dois super instrutores, dois super atletas e dois super amigos! Além deles, tivemos outros ótimos instrutores em nossa jornada no skydive. Alguns nos ensinaram durante cursos, outros por amizade, sem pedir nada em troca. Somos profundamente gratos a todos!
Integra: Como foi o seu curso?
Christiano Cony: Alucinante! A coisa mais insana que fiz na minha vida tem nome: chama-se AFF. Lembro bem do meu primeiro salto, eu realmente estava tranquilo, mas os outros... Era muito engraçado. Na ida para Boituva, já começava a torcer para a área estar fechada para alunos, torcia de verdade! Quanto mais me aproximava do momento do salto, mais as glândulas adrenais liberavam catecolaminas. Era adrenalina e noradrenalina bombando nos vasos sanguíneos, pupilas dilatadas, músculos cheios de sangue, respiração mais rápida e profunda, coração acelerado. E a porta do avião... Era um misto de sensações intensas. Pousava e percebia que minha mente tinha sido completamente alterada novamente. A vontade era sempre de subir novamente e mandar outro salto. Sempre o próximo é o melhor!
Integra: Qual você acha que foi a sua maior dificuldade no início?
Christiano Cony: Na questão técnica, era a posição das minhas pernas. Eu tinha uma tendência de giro devido à minha consciência corporal do surf, onde, ao remar, sempre mantinha uma perna em contato com a prancha e a outra levantada, como um pêndulo, para equilibrar o corpo. No céu, isso gerava uma tendência de giro. Fui para o túnel e resolvemos isso em uma sessão. Quanto à questão psicológica, como diria Chorão: 🎵 "Só os loucos sabem, só os loucos sabem!" 🎵
Integra: E como foi a sua progressão até ser atleta? Treinou com alguém?
Christiano Cony: Minha sorte é que começamos juntos: eu, minha esposa (Dé) e minha irmã (Dani), e alguns amigos se juntaram a nós nesse início, como o Dieguinho, a Bia e o Pilotinho. Logo que viramos Cat B, começamos a saltar juntos. Nossos saltos sempre tinham objetivos, dificilmente subíamos só para "fazer lenha" (apesar de acontecer). Essa característica ajudou nossa evolução no esporte. Também íamos para o túnel com regularidade para treinar com o Zé. Fizemos curso de pilotagem de velame com o Cotô. Com 80 saltos, fomos convidados pelo David a começar a voar com o CTR. Fizemos o TBBF com o Marcelo Costa, treino de câmera com o Ericão e o Dunguinha, e atualmente estamos com um time de 4way, intensificando ainda mais os treinos com o RP como coach.
Integra: Hoje, onde você salta mais? E qual modalidade você mais gosta de voar?
Christiano Cony: Certamente Boituva, nossa casa no skydive. Eu gosto de todas as modalidades, mas criei um método para minha evolução. Tenho alguns objetivos a serem alcançados antes de avançar para novas modalidades. Minha estratégia é voar bem o belly fly, depois ir para o freefly/desloc, seguir para o wingsuit e, durante esse percurso, também praticar swoop, skysurf e atividades de instrução. Sou TBBF e, quem sabe, no futuro, me torne Instrutor AFF, pois o processo ensino-aprendizagem é algo que gosto muito. No belly fly, meus objetivos são: ter um time de 4way, competir na modalidade, ser recordista em bigway e filmar tandem com qualidade. Quando atingir esses objetivos, irei intensificar os treinos de freefly/desloc e assim sucessivamente, seguindo uma estratégia de progressão que faz sentido para mim.
Integra: Deixe uma dica para um iniciante no esporte!
Christiano Cony: A principal mensagem que gosto de passar para todos é: curta o processo! O caminho é o mais legal. O objetivo é apenas um norte, uma direção. Curta o AFF, a Cat A fazendo saltos solo, a Cat B e assim por diante. A maioria das pessoas vive em busca de um objetivo, o que é bom, pois dá sentido ao resto. Mas não se deve achar que o objetivo é a única coisa que importa, porque é durante a jornada que você vivencia as emoções, as sensações e os sentimentos. Tudo bem você querer ser recordista ou campeão mundial, mas aquele abraço de um amigo no final do pouso, o pôr do sol mágico, o sorriso do seu instrutor, o silêncio de uma grande formação, a mudança no semblante do rosto do passageiro... Esses momentos são o que realmente fazem o skydive ser único!
Bem-vindo(a) ao melhor da vida, esse esporte é sensacional! 🤟
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